Vida longa. Pergaminho finito, Descendência. Caminho. Voo. Glória. Fracasso. Vida. Idosos. Não há nenhuma regra ou lei que imponha que o ciclo final de uma vida seja, obrigatoriamente, vivido em sofrimento, solidão e amargura.
Considera-se uma pessoa idosa um individuo, independente do sexo, que tenha 65 anos de idade. Como nos podemos aperceber, desde sensivelmente à um ano e meio atrás, foram muitos os casos de idosos que foram encontrados em casa, infelizmente, mortos. Só neste ano já foram contabilizados 12 casos de idosos encontrados mortos em sua casa. O mais ridículo por vezes é o tempo que estes já se encontravam mortos em casa e ninguém deu por isso. É de salientar a situação de uma idosa que vivia em Sintra e foi encontrada 9 anos depois de ter falecido. Esta situação levanta bastantes perguntas. Onde estão as famílias destes idosos? Onde estão as autoridades? Onde anda a Segurança Social? No fundo estas perguntas parecem sempre retóricas. Porquê? Simplesmente porque a resposta é uma verdade inconveniente.
Mas afinal o que isto tem a ver com a nossa querida e amada vila? Ora bem, como já devem ter ouvido, o concelho de Odemira é o mais velho de Portugal. Vila Nova de Milfontes possui 19 % da população idosa existente no concelho de Odemira. O que representa 1485 idosos só na nossa freguesia. Parece-me de todo incorrecto que numa crítica exponhamos experiências pessoais pois revela algum perfil do escritor. Mas confesso que fiquei mais alerta e consciencializado das situações tristes e relatos de sofrimento que os idosos atravessam depois dos percalços de saúde que afectaram o meu avô e que o levaram à morte em menos de 2 meses.
É importante frisar que devemos tudo, ou praticamente tudo, aos nossos antepassados. Somos as sementes da árvore que os nossos pais, avós, bisavós e por aí em diante plantaram. Passaram-nos muito mais que produto genético, passaram-nos valores, qualidades, defeitos, vincaram-nos feitios, contaram histórias, mitos, epopeias, criaram-nos uma identidade de admiração. O que digo abrange qualquer tipo de relação dentro de uma família. Gostava de perceber a razão pelo abandono ou simples desleixo por quem tanto necessita. Nem que fosse um simples e irónico “olá”. Sabemos de ante mão que as relações entre pessoas, familiares, não são fáceis. Mas nada é fácil na vida. E é a diversidade de pessoas que existe que torna o mundo e a vida excitante e colorida. Eterna glória.
Todavia existe alguém, neste caso uma associação, que ajuda os idosos que mais precisam e não só aqueles que podem. A Associação de Reformados e Idosos de Vila Nova de Milfontes que neste momento presta auxílio directo a 45 idosos e a 90 famílias necessitadas está aberta a todas os idosos, ou afiliados dos mesmos, a discutir sobre auxílio domiciliário a quem assim o necessitar. Pois o segundo informações, gentilmente, cedidas pelo presidente da A.R.I.V.N.M, Mário Feliciano, o valor que cada idoso pagará é baseado segundos os rendimentos do mesmo, portanto, não há necessidade de passarem carência alimentar ou higiénicas. Se conhecem alguém idoso que vive em condições menos próprias e, ou que não tenha nenhum apoio familiar tentem convencer os mesmos a pedirem ajuda pois a vida é cíclica e mais tarde ou mais cedo todos vamos precisar de ajuda. E quando não temos o bom censo de o assumir há que consciencializar a necessidade nessas pessoas ou familiares próximos.
Fica aqui um apelo a associações, ao agrupamento de escolas, ao colégio e à população que apoiem e desenvolvam actividades com pessoas da 3ª idade, que façam campanhas de angariação de bens alimentares e higiénicos e que, assim, tornem os dias cinzentos que estas pessoas vivem em dias solarengos e acolhedores. Pequenos momentos de companhia e alegria a quem vive na solidão são a prescrição perfeita para uma estado de saúde físico e emocional revigorado. Um minuto na tua vida, um momento eterno na memória deles.
Marco Matos