Quase um ano e meio depois de ter sido anunciado que o Forte de São Clemente, em Vila Nova de Milfontes, se encontrava à venda, a situação mantém-se no mesmo impasse. A propriedade continua referenciada como disponível no site da prestigiada imobiliária Sotheby’s International Realty. Aparentemente, o alto valor exigido para a concretização da venda tem afastado os potenciais compradores. Recorde-se, que segundo avançaram diversos órgãos de comunicação social na altura, os proprietários estarão a exigir uma soma de quatro milhões de euros pelo edifício histórico.
Relembrando, um pouco da história do “Castelo”, o mesmo foi construído entre 1599 e 1602, sob supervisão do Engenheiro italiano Alexandre Massai. Nome que ficou na história portuguesa pela sua ligação à edificação de um conjunto de fortificações, de que são exemplo: o porto de Lisboa, o Forte da Ilha do Pessegueiro e o Forte de São Clemente em Milfontes. No papel ficou o projecto da reedificação do Castelo de Sines, nunca concretizado. A construção do forte, na margem direita do Rio Mira, tinha como propósito, defender a localidade dos frequentes ataques dos corsários do norte de África.
Em1903, a coroa portuguesa vendeu o edifício em hasta pública para obter fundos para os gastos do Estado. Algumas décadas depois, em 1939, e já em estado de completa degradação e ruína, foi adquirido por D. Luís de Castro e Almeida e com este proprietário começaram as intervenções na fachada que alteraram a traça original. Vinte anos depois desta compra, D. Luís começa a receber os primeiros hóspedes, ainda que continuasse a residir no local. Com a morte do casal de proprietários, o forte passou para as mãos de Miguel de Faria e Maia de Aguiar, açoriano e cônsul honorário de França em Ponta Delgada, que é ainda hoje o proprietário.
Lamenta-se profundamente que um edifício classificado como Imóvel de Interesse Público, não suscite interesse por parte das entidades governamentais. A Câmara de Odemira, apesar de ter direito de preferência sobre o imóvel, anunciou logo em 2009 não ter condições para suportar a compra do edifício pelo valor exigido. Apesar de se tratar de um avultado investimento, seria extremamente positivo para todo o concelho o aproveitamento de uma infraestrutura deste calibre como valência cultural. Tendo em conta a difícil situação económica do país, ainda mais complicado se torna o sonho de ver o “Castelo” de Milfontes transformar-se em espaço público, capaz de promover culturalmente a localidade. Resta-nos assim aguardar e esperar para ver quem será o comprador e que destino irá dar a um dos símbolos mais emblemáticos de Vila Nova de Milfontes.